O genocídio de jovens negros em tempos de pandemia

29/05/2020 14:33
“É dever dos revolucionários e dos intelectuais ser soldados na primeira fila no campo de luta com o pensamento e com a ação”.
(Fidel Castro Ruz)
A Associação Cultural José Marti do Rio de Janeiro (ACJM-RJ) se solidariza com os familiares e amigos dos jovens mortos durante esta semana por meio das operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro e manifesta o seu profundo repudio a todos os tipos de violência, que resultam das ações criminosas da polícia comandada pelo governo Witzel.
Em tempos de pandemia, momento em que a morte silenciosa de um vírus ronda o mundo matando milhares de pessoas, no Rio de Janeiro, a morte tem endereço e tem cor. Em plena pandemia, o Estado não chega nas comunidades com auxílios básicos, nem com testes para detectar Covid 19 e muito menos com médicos para salvar vidas. Chega com fuzil, granadas e força policial para ajudar a morte a ceifar vidas e sonhos de jovens negros.
Nesta semana, a bala perdida levou o nome de João Pedro, menino negro de 14 anos que brincava no quintal da casa do seu tio no Complexo do Salgueiro e o nome do estudante Rodrigo Cerqueira da Conceição, rapaz negro de 19 anos que, nesta última quinta-feira, foi atingido no mesmo momento em que eram distribuídas cestas básicas à comunidade, numa iniciativa que envolvia o colégio, o grêmio estudantil e o pré-vestibular onde estudava.
Há tempos que os mortos são os mesmos. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), aproximadamente 80% daqueles que foram assassinados em ações da polícia, em 2019, no estado do Rio de Janeiro, são negros ou pardos.
Será que não estavam satisfeitos com o estudo da Rede de Observatórios da Segurança, que identificou diminuição de mortes nas comunidades desde o início do isolamento social provocado pela pandemia de Corona vírus? Esse Estudo identificou que, neste período, houve queda de operações policiais e, consequentemente, redução de mortes causadas pelo braço armado do Estado no Rio de Janeiro.
Quem mira o corpo de uma criança é a “bala perdida”, que sempre encontra o rosto negro de um jovem brasileiro, e a estatística só cresce em números, atingindo crianças que, além de não ter suas necessidades básicas atendidas pelo Estado, ainda perderam o direito de brincar.
João Pedro era “brincalhão, estava sempre pronto para ajudar quem fosse, ele tinha tantos sonhos, era ingênuo e sincero, era incapaz de fazer mal a qualquer pessoa”, mas mesmo assim o tiro certeiro levava cravado na bala o nome João Pedro assim como tantas outras balas “perdidas” que foram gravadas com o sague da Ágatha Félix de 8 anos, do Marcos Vinícius da Silva de14 anos, da Ana Carolina Neves de Souza de 8 anos, do Kauan Rosário de 11 anos, da Maria Eduarda Alves da Conceição, 13 anos e de tantos outros.
Pelo direito a vida! Parem de matar nossos filhos!