Para além da guerrilha: a atuação do 'ministro' Che Guevara

01/04/2009 23:16

A imagem clássica é a do revolucionário, idealista, um dos primeiros a chegar em Havana após a tomada do poder em 1959. Mas Che Guevara também teve uma atuação política direta na formação de Cuba após a Revolução. Ele assumiu funções burocráticas vitais para a economia do Estado comunista que se formou no início dos anos 60.


Estátua de Che: ícone mundial


Logo após a instauração do novo regime, o argentino Ernesto Guevara de la Serna, nascido em 1928, filho de uma família da classe média, foi declarado “cidadão cubano por nascimento”. Tratava-se de uma homenagem a seu papel na guerrilha liderada por Fidel Castro, a qual ele passou a integrar oficialmente em 1956.

Che ocupou postos-chave da economia cubana após a revolução. Ele assumiu uma série de funções dentro do governo revolucionário, começando pelo comando da fortaleza La Cabaña (que foi usada como prisão). Em seguida se tornou presidente do Banco Nacional e depois ministro das Indústrias. Além disso, continuou sendo o principal conselheiro de Fidel, que assumiu o governo da ilha pós-revolução.

No governo, ele foi responsável pelo processo de nacionalização das indústrias do país, além de cortar os tradicionais laços que Cuba tinha com os Estados Unidos e de construir uma relação comercial com o bloco soviético. Tentou implementar um plano de industrialização que valorizava os incentivos morais acima dos financeiros.

 

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Se no mundo a ação política de Che acaba sendo diminuída em nome do mito que se gerou com sua imagem, em Cuba ele continua sendo lembrado como ministro. É o que afirma o pesquisador Tirso Saenz, engenheiro químico cubano que atuou como vice-ministro de Indústrias de Che durante os primeiros anos após a revolução. Segundo Saenz — que é autor do livro O Ministro Che Guevara —, este lado político é menos “espetacular”, mas de muita importância.

“O trabalho no ministério poderia não parecer heróico, mas na realidade o era”, disse o pesquisador, em entrevista à Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília, onde vive. “Também se tratava de um campo de batalha, já que significava dormir duas, três horas por noite, incluindo sábados e domingos, e carregar a enorme responsabilidade de que qualquer erro poderia trazer grandes transtornos ao país.”

Apesar de assumir a função burocrática, Che manteve uma postura combativa em seus discursos e viajou por vários países para levar a experiência da revolução. Em 1964, esteve na Assembléia das Nações Unidas, e depois, ao voltar a Cuba, começou a planejar a expansão do movimento revolucionário para outros países. Um ano depois, ele partiu para a Bolívia tentando exportar o modelo guerrilheiro, mas acabou sendo morto em 1967.

Da Redação, com informações do G1