Fernando González em Cuba: o retorno de um herói

09/04/2014 12:35

A chegada do antiterrorista Fernando González a Havana encheu de alegria a população cubana, que continua pedindo o retorno dos outros três heróis cubanos ainda presos desde 1998 em cárceres norte-americanos.


Foi em 27 de fevereiro, quando Cuba pôde enfim, comemorar a saída da prisão de Fernando, após ter cumprido integralmente a sentença imposta, que lhe privou da liberdade por 15 anos, cinco meses e 15 dias, como resultado de um processo judicial fraudado contra ele e seus quatro colegas de causa.

Nesse dia, González deixou o centro penitenciário federal de Safford, no Arizona, e foi colocado à disposição dos serviços de imigração estadunidenses para iniciar o processo de deportação para Cuba.

Sua verdadeira libertação ocorreria no dia seguinte, ao chegar à ilha quase ao meio dia.

Eu saí da prisão e estava me esperando um grupo de pessoas da imigração que me retiveram, prenderam-me praticamente, disse o Herói da República de Cuba.

Perguntando pela Prensa Latina sobre o impacto de sair do presídio, disse que só se sentiu livre quando desceu do avião, pois inclusive até esse momento o mantiveram algemado.

"Não senti a sensação da liberdade ao passar pela porta da prisão, que é possível a experiência que sintam outros, a minha sensação da liberdade foi quando o avião aterrissou aqui e desci pela escada, essa é a verdadeira sensação de liberdade para mim", disse ao tocar o solo pátrio.

Fernando foi preso pelas autoridades estadunidenses em 12 de setembro de 1998, junto a René González, Gerardo Hernández, Ramón Labañino e Antonio Guerrero, quando monitoravam grupos extremistas que do território norte-americano planejavam e executavam ações violentas contra Cuba.

Atualmente, dos cinco antiterroristas, exceto René e o próprio Fernando, que se encontram em Cuba após terem cumprido integralmente suas respectivas sentenças, os demais continuam presos em penitenciárias dos Estados Unidos, apesar de uma ampla campanha mundial que reclama sua libertação.

Na sua chegada a Havana, González foi recebido pelo presidente cubano, Raúl Castro, por membros do Birô Político do Partido Comunista de Cuba e do Conselho de Estado.

O encontro com Raúl Castro se iniciou com uma saudação militar e um abraço: o Herói da República de Cuba voltou a estar à ordem, e o também Geral do Exército o abraçou fortemente.

Bem-vindo à Pátria!, disse-lhe Raúl, que comentou que havia visto umas fotos de sua passagem por Angola como internacionalista: "Está igualzinho", brincou.

Depois, juntos, foram ao encontro com os membros do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba. Outra vez os cumprimentos infinitos e a brincadeira do presidente: "Não lhe deem muito forte nas costas porque lhe faltam milhões de abraços".

Fernando pede a palavra, quer agradecer: "É tremendo o esforço que se faz por nós, o digo a título pessoal, mas estou convencido de que transmito a opinião dos três colegas que ficaram lá, que definitivamente, pensamos da mesma maneira..."

Sempre estivemos convencidos de que esse esforço cotidiano estará presente até que todos e cada um de nós estejamos novamente onde pertencemos, afirmou.

Os que estamos agradecidos somos nós e todo o povo de Cuba, afirmou Raúl Castro.

O que vocês têm feito é uma verdadeira proeza, um verdadeiro esforço, disse o presidente cubano.

Ao grupo se somou René González, o primeiro dos Cinco (como são conhecidos internacionalmente) a ser libertado após cumprir sua sentença e retornar a Cuba.

De novo outro efusivo abraço, e depois a chamada telefônica de Antonio Guerrero, que da injusta prisão nos Estados Unidos se fez presente neste momento histórico, de novo a emoção atingiu limites indescritíveis.

As primeiras palavras de gratidão de Fernando González - para a imprensa reunida no aeroporto internacional José Martí- foram para seus irmãos de luta que ainda estão presos nos Estados Unidos.

Quando ainda não existia movimento de solidariedade, compartilhar com eles nos momentos difíceis foi uma fonte de energia, afirmou.

Portanto, meu primeiro agradecimento é para eles, que não estão escutando, não irão me escutar, não irão me ver, mas irão me ler. E esse agradecimento “esclareço”, certamente inclui o René.

Igualmente, Fernando agradeceu às autoridades cubanas e "a todos aqueles que por tantos anos estão trabalhando na campanha pela libertação de todos nós".

Há muito por fazer, acho que todos sabemos e todos estamos na melhor disposição de fazê-lo, enfatizou.

Além disso, Fernando considerou uma honra seu encontro com Raúl Castro e manifestou que "é um gesto que me compromete na luta pelo retorno de meus outros irmãos (...) e que me enche de humildade e gratidão".

Menos de 48 horas depois que Fernando tocou o solo pátrio, Cuba festejou no sábado com um multitudinário concerto, na histórica escadaria da Universidade de Havana, o retorno do Herói, que foi testemunha da cálida acolhida de seu povo.

Explicou que este encontro demonstrou que entre os jovens da ilha estão presentes os ensinamentos de Fidel e chamou a continuar a luta pela libertação de seus três compatriotas que ainda cumprem sentenças injustas em prisões estadunidenses.

Reafirmou também sua "infinita gratidão por estes 15 anos de apoio e demonstrações de amor que sei que não cessarão até que Gerardo, Ramón e Tony retornem".

Reiterou sua satisfação pela volta a seu país, ao manifestar que "nem a mais criativa das imaginações podia ter me preparado para o que estou experimentando desde que desci pelas escadas do avião no qual retornei à Pátria".

Porque estar aqui em Cuba, estar aqui com a família, é uma felicidade que é imensa e ao mesmo tempo sinto que falta um pedaço, e é o pedaço que fica reservado para quando neste mesmo lugar estejam Ramón, Gerardo e Tony, então a felicidade será completa, afirmou.

Enquanto isso - disse - nosso papel será de fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para que essa realidade chegue o mais rápido possível e possamos então nos reunir, os Cinco, e nos reunir todos com nossas famílias, e desfrutar realmente da verdadeira felicidade total quando estejam os cinco aqui.

Prensa Latina