“Memorial Hélio Dutra”, em Havana, aproxima brasileiros e cubanos

31/03/2012 02:08

“Memorial Hélio Dutra”, em Havana, aproxima brasileiros e cubanos

 
 
Inaugurado em 8 de janeiro de 2011, o “Espaço do Brasil em Cuba – Memorial Hélio Dutra”, com o apoio do Instituto Cubano de Amizade entre os Povos (ICAP), tem como proposta fomentar o intercâmbio cultural, artístico e científico entre os dois países. A seguir, os objetivos e atividades propostas pelo projeto.
 
Objetivos
● Divulgar a cultura cubana e brasileira entre brasileiros e cubanos, por meio da realização de atividades culturais e artísticas;
 
● Estreitar os laços de amizade e solidariedade;
 
● Intensificar o intercâmbio científico, cultural e artístico entre os dois países;
 
● Desenvolver atividades comemorativas das datas históricas dos dois países;
 
Atividades
● Culinária (Brasil e Cuba – diferentes regiões);
 
● Músicas (Brasil e Cuba);
 
● Exposições de pintura, escultura e artesanato (Brasil e Cuba);
 
● Curso de português;
 
● Acervo bibliográfico de literatura, cinema, artes em geral, política, história e arquitetura;
 
● Acervo de CDs e DVDs;
 
● Oficinas sobre diferentes temas sobre a realidade brasileira e cubana;
 
● Comemorações de datas históricas de Cuba e do Brasil.
 
Quem foi Hélio Dutra?
O mais brasileiro dos cubanos e o mais cubano dos brasileiros. Assim era chamado Hélio Dutra, falecido aos 96 anos, completados em 21 de novembro de 2004, 60 dos quais vividos em Cuba.
 
Hélio Dutra Domingues nasceu em 1908 no então Estado de Rio de Janeiro, filho de Oswaldo José Dutra e Eulina Domingues Dutra. Teve um filho, Sérgio Dutra, casado com Lourdes, e dois netos, Sérgio e Carolina.
 
Hélio Dutra desde pequeno contribuiu para a economia da família, composta de sete pessoas, e trabalhou como mensageiro de duas farmácias no bairro de Ipanema. Depois foi meio-prático de farmácia – conseguiu estudar até dois anos de estudos ginasiais –, office-boy, datilógrafo, vendedor de apólices de seguro e reservista numa linha de tiro.
 
Em 1934, passou a trabalhar no Laboratório Labrápia. Nessa época, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Em 29 de outubro de 1945, após o término da 2ª Guerra Mundial, chegou a Cuba com a finalidade de instalar uma filial do laboratório na Ilha.
 
Entre 1946 e 1958, depois de muitos percalços pessoais e financeiros, consegue estabilizar a pequena filial em Havana e, em 1948, abre uma unidade na Colômbia e outra na cidade do México, em 1950.
 
Em 1952, o general Fulgêncio Batista sobe novamente ao poder e a luta revolucionária em Cuba se reinicia. Os efeitos do golpe ditatorial se fazem sentir em todos os aspectos da vida nacional e também na indústria farmacêutica, afetada pela crise econômica e pelo contrabando propiciado pelas autoridades da época.
 
Durante todo esse período, ocasionado por conjunturas econômicas desfavoráveis, Hélio foi obrigado a sair momentaneamente de Cuba, mas sempre optou pelo seu retorno à Ilha, como sede permanente do seu trabalho.
 
As lutas revolucionárias que antecederam ao triunfo da Revolução Cubana aproximaram a Hélio de seus ideais de transformação social e da luta pelo alcance de justiça social. Apesar dos convites para deixar o país e trabalhar com os norte-americanos, que ofertavam salários de milhares de dólares, Hélio decidiu aderir ao processo revolucionário, entregando o laboratório ao governo que o nacionalizou.
 
Foi testemunha dos grandes feitos da Revolução Cubana e divulgador das ideias de José Martí, escrevendo, sob o título da Frágua Martiana, numerosos artigos sobre a obra e a ação revolucionária do Herói Nacional de Cuba.
 
Foi membro das Milícias de Tropas Territoriais (MTT) e membro do Partido Comunista de Cuba (PCC). Casou-se pela terceira vez no dia 16 de fevereiro de 1968 em Havana com a cubana Ella Alvarez Delgado, sua companheira inseparável nos últimos 40 anos.
 
Escreveu em 1988 o livro Querida Ilha, com duas edições esgotadas, que, como disse Fernando Morais, “mostra mais do que um retrato heroico da Revolução Cubana, pois é acima de tudo uma apaixonada declaração de amor”.
 
Ella e Hélio Dutra, lutadores incansáveis pela
solidariedade entre Brasil e Cuba.
Hélio Dutra muito significou e significa para o fortalecimento do vínculo entre Brasil e Cuba, desde a fundação da Sociedade Cuba-Brasil em Havana, em 1961. Sempre recebeu a todos os brasileiros, desde os que não tinham visto no passaporte durante a ditadura militar brasileira, período em que foram rompidas as relações diplomáticas entre os dois países, até os exilados políticos desse período, sempre ao lado de Ella. Os dois eram incansáveis na atenção aos muitos brasileiros que visitavam a Ilha por diferentes motivos.
 
Seu coração sempre possuiu as cores das duas bandeiras, da brasileira e da cubana, como símbolo da solidariedade incondicional entre os dois povos.
 
Hélio era muito respeitado tanto em Cuba como no Brasil. Exemplo disso foi sua condecoração, em Cuba, com várias medalhas, como a da Campanha de Alfabetização, a do CDR e a Feliz Elmuza, da União dos Jornalistas de Cuba, quando completou 90 anos. No Brasil, durante algumas de suas viagens, era recebido e homenageado pelos amigos e participantes do movimento de solidariedade brasileiro e lançou o seu livro Querida Ilha em diferentes cidades brasileiras.
 
Faleceu a 18 de março de 2004, 20 dias depois de Ella, com quem dividia seu trabalho de solidariedade entre cubanos e brasileiros e que foi sua companheira na luta por um mundo melhor.
 
“Espaço do Brasil em Cuba – Memorial Hélio Dutra”
Calle Zapata (entre Basarrate y Mazón)
Barrio Príncipe – Vedado
Havana – Cuba