Um ano depois da morte de Fidel, Cuba continua em Revolução

26/11/2017 23:37

 

Ricardo López Hevia
  

Sentido do momento histórico

Durante o ano 2017 Cuba lembrou com sentidas homenagens uma figura cujo exemplo transcende as fronteiras do tempo e do espaço: o guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Guevara de la Serna.

Em um contexto onde a direita parece recuperar espaço nos governos regionais, voltar ao pensamento e às experiências que legou o revolucionário internacionalista é uma maneira de compreender a história comum que partilhamos com os povos da América e a ameaça que representa o imperialismo para a região.

Igualdade e liberdade plenas

São esses os direitos legitimados e defendidos nas eleições gerais 2017-2018, uma verdadeira manifestação de participação da cidadania. Cuba faz parte dos poucos países — apenas cinco no mundo — onde a idade para votar é de 16 anos; destaca-se ainda o fato de que com 18 anos de idade a pessoa pode ocupar um posto no Parlamento.

Contudo, são mais os anos de luta que custou atingir estas conquistas das presentes e futuras gerações. Por isso, não se podem perder.

Ser tratado e tratar os outros como seres humanos

Este é um princípio que esteve presente no caráter humanista da Medicina cubana, cujas forças mais visíveis — médicos e enfermeiras — desde os primeiros anos da Revolução oferecem ajuda solidária nas circunstâncias mais complexas fora do território nacional.

Em 31 de janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde outorgou o Prêmio da Saúde Pública, em Memória do dr. Lee Jong-wook, ao contingente médico cubano Henry Reeve, reconhecendo seu trabalho solidário internacional no enfrentamento a desastres naturais e epidemias graves. A criação deste contingente foi ideia de Fidel.

Mudar tudo o que deve ser mudado

O aperfeiçoamento do sistema nacional de ensino (terceiro processo deste tipo que se realiza no país) se adequa a este pensamento do conceito de Revolução.

Com objetivos bem definidos (elevar a qualidade do processo docente educativo, dar maior protagonismo aos estudantes na aprendizagem, reconhecer a figura do professor), a escola cubana aposta em ser o centro cultural mais importante da comunidade sem descurar sua responsabilidade na formação das novas gerações.

Emancipar-nos por nós mesmos e com nossos próprios esforços

Durante quase 50 anos da Revolução, Cuba dedicou inúmeros recursos materiais para a formação de um capital humano altamente qualificado, comprometido com os princípios do socialismo e com o desenvolvimento da nação. Atualmente é crucial o processo de informatização da sociedade, cuja política foi aceita em fevereiro pelo Conselho de Ministros.

A prioridade dada pela direção do país às Tecnologias da Informação e as Comunicações como setor estratégico estreitamente ligado ao crescimento econômico e ao desenvolvimento da sociedade, é uma maneira de "emancipar-nos por nós mesmos".

Desafiar poderosas forças dominantes dentro e fora do âmbito social e nacional

Cuba resistiu por quase 60 anos a agressão de uma potência tão poderosa como os Estados Unidos, que empregou as mais diversas formas para dobrar a resistência de seu povo e eliminar seus principais líderes.

A vigência do bloqueio econômico, comercial e financeiro, a tentativa de intromissão nos assuntos internos, de isolamento político internacional, a aplicação de programas subversivos, bem como a manutenção do território ilegalmente ocupado pela Base Naval em Guantánaemo, são exemplos de que o combate, nas arestas mais diferentes foi e continuará sendo difícil.

Modéstia, desinteresse, altruísmo, solidariedade e heroísmo

Acima destes alicerces se sustenta o trabalho constante dos médicos e professores, os quais em condições adversas fazem com que a saúde e a educação sejam direitos para o proveito do povo.

A fortaleza que os cubanos demonstram para enfrentar as dificuldades que impõe o dia a dia, o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos; a maneira em que partilham o que têm e não o que sobra; e a serenidade com que se preparam para enfrentar o futuro sem deixar que caiam as bandeiras do socialismo.

Lutar com audácia, inteligência e realismo

A condição de insularidade do território cubano é uma realidade irrefutável que torna a Ilha vulnerável devido aos efeitos da mudança climática.

Em maio passado, sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, o Conselho de Ministros aprovou a Tarefa Vida, a qual — como parte do plano do Estado para enfrentar a mudança climática — compreende a preservação da vida das pessoas nos lugares mais vulneráveis, a segurança alimentar e o desenvolvimento do turismo.

Não só os recursos humanos, materiais e naturais são necessários para encaminhar o país em prol de uma situação econômica mais favorável. Também é importante que seu uso seja aplicado com inteligência.

Defender valores nos que se acredita ao preço de qualquer sacrifício

"Não deve esperar-se que (…) Cuba realize concessões inerentes à sua soberania e independência, nem aceite condicionamentos de nenhuma índole".

Assim o assegura a Declaração do Governo Revolucionário divulgada em junho, como resposta às declarações realizadas pelo presidente estadunidense Donald Trump, quando anunciou a eliminação das trocas educacionais povo a povo, e a proibição das transações econômicas, comerciais e financeiras de companhias norte-americanas com empresas cubanas vinculadas às Forças Armadas Revolucionárias e aos serviços de inteligência e segurança.
 
 

Fonte: Granma